Juan Diáz Canales: "Hugo Pratt não queria matar Corto Maltese"

Entrevista a Juan Diáz Canales que, com Rubén Pellejero, assina o regresso das aventuras de Corto Maltese
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Como surge a ideia de escrever uma nova aventura de Corto Maltese?

Patricia Zanotti tem os direitos da obra de Hugo Pratt e é a minha antiga editora em Itália. Foi ela quem me propôs escrever o guião. Eu nunca me teria atrevido, nunca passou pela minha cabeça retomar uma personagem mítica. Perguntaram-me com quem queria trabalhar como cartoonista [desenhador] e propus Rubén Pellejero porque tem uma grande trajetória no mundo da banda desenhada e está dentro da tradição gráfica de Hugo Pratt. Fizemos uma pequena prova e todos ficaram satisfeitos, por isso avançamos à aventura. É a primeira vez que trabalhamos junto, algo que sempre quisemos fazer.

Como se dá vida a um herói como Corto Maltese?

Há uma parte simples, porque tanto Rubén como eu estamos apaixonados pela personagem. Emocionalmente tem muita relação connosco e no meu caso, descobri-o na minha adolescência e tem sido uma referência para mim. Conheço a obra quase de cor. A partir disto, tens que fazer uma releitura dos livros para confirmar sobre tudo as datas. Também houve uma procura intensa de documentação. A história decorre em 1915, no meio da I Guerra Mundial, e as fronteiras eram diferentes, sobretudo no norte do Canadá e no Alasca.

Porque gosta da personagem?

É muito divertido e são aventuras no sentido mais amplo da palavra. Convida a sonhar, viajar até lugares inexplorados, com personagens fora do normal. E ao mesmo tempo é uma pessoa com muitos valores, com um humanismo que falta na sociedade atual. Dá valor à palavra dada, à amizade, está sempre ao lado do fraco e tem um olhar crítico, não embarca nas grandes ideologias da sua época.

Em Madrid

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